quinta-feira, 28 de maio de 2009

A metástase da crise

Em meados de 2007, uma turbulência atingiu o mercado imobiliário dos Estados Unidos. Com alta disponibilidade de crédito e juros baixos, o setor de imóveis recebeu um forte impulso por parte das instituições financeiras. Isso elevou o preço dos imóveis, causando a saturação do mercado e a indignação dos credores. Os financiamentos, no entanto, não eram utilizados apenas para comprar imóveis, ou seja, beneficiavam todos os setores da economia. Com isso, os americanos endividaram-se e deixaram de pagar os bancos. Para suprir a falta dos pagamentos, as instituições aumentaram as taxas de juros e o preço dos imóveis voltou a cair. Casos em que se pagava US$ 150mil por um apartamento que valia US$ 60 mil eram freqüentes e, consequentemente, a inadimplência tomou conta do mercado. A retenção de crédito – antes abundante – por parte dos bancos acabou por originar a crise econômica norte-americana, que se alastrou pelos demais países do mundo, inclusive o Brasil.
O principal efeito da crise no país é a dificuldade em obter dinheiro, em função da crise de confiança que se instalou nas instituições. Os bancos, em tempos de crise, têm medo de conceder empréstimo, deixando as grandes empresas, que dependem de financiamento, em dificuldades. Isso traz uma grave conseqüência para o Brasil, já que, sem crédito, as empresas deixam de investir, o que impede a geração de mais empregos e renda para o país, além de acarretar sucessivas demissões de funcionários. O mercado de ações encontra-se em um ciclo vicioso e aparentemente sem fim: os acionistas, com medo da crise, esvaziam as bolsas de valores – consideradas investimento de risco -, principalmente as dos países emergentes, como o Brasil. Investidores estrangeiros, endividados, venderam seus papeis para cobrir as perdas em outros países. As empresas nacionais, deste modo, ficam sem dinheiro para investir e a crise se expande. Os setores automobilístico, imobiliário e de bens de consumo foram os mais prejudicados pela crise financeira, devido ao fato de serem ligados a financiamentos.
O Fundo Monetário Internacional divulgou no mês de abril deste ano uma estimativa do custo da crise. A previsão supera os 4 trilhões de dólares, considerando-se a crise no período desde entre 2007 e 2010. Instituições, como a Organização das Nações Unidas (ONU), também devem ser prejudicadas pela crise econômica. No caso da ONU, as doações – que vinham crescendo nos últimos anos – devem sofrer uma queda considerável, o que prejudicaria seriamente a realização de projetos de cunho social da instituição.

Carolina Beidacki e Filipe Garcia

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