Aproveitando o gancho da Carol, queria dizer também algumas palavras sobre a nossa última leitura para essa semestre, o livro A Sangue Frio de Truman Capote.
Eu tinha grandes expectativas a respeito do livro, e ele não me decepcionou. Muito pelo contrário, o que eu imaginava ser uma obra puramente investigativa se revelou uma narrativa sensível, criativa e diferente de tudo o que eu já havia lido. Isso tudo porque o autor consegue falar do assassinato de uma família, descrevendo a brutalidade dos tiros
de metralhadora e, ao mesmo tempo, provocar nos leitores uma extrema compaixão pelos criminosos.
Abaixo segue minha resenha, pois não consigo expressar melhor do que fiz nela minhas opiniões a respeito do livro.
Eu tinha grandes expectativas a respeito do livro, e ele não me decepcionou. Muito pelo contrário, o que eu imaginava ser uma obra puramente investigativa se revelou uma narrativa sensível, criativa e diferente de tudo o que eu já havia lido. Isso tudo porque o autor consegue falar do assassinato de uma família, descrevendo a brutalidade dos tiros
de metralhadora e, ao mesmo tempo, provocar nos leitores uma extrema compaixão pelos criminosos.
Abaixo segue minha resenha, pois não consigo expressar melhor do que fiz nela minhas opiniões a respeito do livro.
OS BONS VILÕES DE CAPOTE
Em seu mais conhecido livro, Capote quebra os padrões ao retratar com compaixão dois criminosos responsáveis pela chacina de uma família no interior dos EUA
Em seu mais conhecido livro, Capote quebra os padrões ao retratar com compaixão dois criminosos responsáveis pela chacina de uma família no interior dos EUA
A Sangue Frio, livro de maior prestígio do escritor americano Truman Capote e um dos mais famosos do século XX, é também um clássico do jornalismo literário. A obra, originalmente uma reportagem da revista The New Yorker dividida em quatro partes, é considerada pelo autor como um “romance de não-ficção”. A narrativa começa descrevendo a pequena cidade de Holcomb, no oeste do Kansas, EUA, e a família Clutter, uma das mais prósperas da região. O tema central da reportagem seria o homicídio dos Clutter, ocorrido em 15 de novembro de 1959. O autor passou seis anos apurando sua história, que conta desde um dia antes à morte de Herbert, Bonnie, Nancy e Kenyon Clutter até a execução dos assassinos, em 1965.
Para escrever sua matéria, ele contou com nada mais do que uma incrível capacidade de memória e osbservação. Conquistou a confiança e a amizade dos criminosos- há quem diga que Capote, homossexual assumido, se apaixonou por um deles. Perry Smith e Richard Hickock são retratados no livro como dois adultos com uma história difícil que cometeram um grande erro, apesar de eles próprios não assumirem a magnitude de seu crime. Embora não peça pelo perdão dos leitores, Capote explora o lado mais humano dos assassinos, e inclusive deixa uma dúvida implícita sobre a sexualidade dos dois. Além de descrever com detalhes as paisagens, a cidade de Holcomb e até mesmo a personalidade de seus habitantes, o escritor dá a impressão de ter conhecido a falecida família. Ele narra o dia anterior à sua morte, e caracteriza com precisão cada uma das vítimas, pessoas honestas e corretas, cuja boa índole traz ao leitor um sentimento de injustiça perante as atrocidades do assassinato. Contudo, o livro se foca principalmente na trajetória dos assassinos, nos motivos que os teriam levado a cometer o crime e nas investigações do detetive Alvin Dewey. A busca pelos culpados é intercalada com as tortuosas histórias de vida dos dois (principalmente de Perry), que expõem a infância, a entrada no universo delinqüente, a primeira estadia na cadeia, e culminam na captura, confissão, julgamento, permanência de cinco anos no Corredor da Morte e execução dos criminosos.
O risco de apresentar o lado bom e sensível de duas pessoas consideradas terríveis para a maioria da população norte-americana da época não pareceu inibir Capote, que deixa para o leitor a dúvida: a pena de morte é ou não algo positivo? Ao contar as biografias de Dick e Perry, ao narrá-los com emoção e ternura, o escritor transforma os vilões em protagonistas de uma triste história. A ambigüidade dos criminosos talvez seja o que torna o livro intrigante: por um lado, o autor conta o sofrimento dos assassinos, como uma maneira de redimi-los pelo assombroso crime que cometeram. Por outro, não deixa de condená-los não por apenas terem tirado a vida de uma família de inocentes, mas principalmente por o terem feito a sangue frio.
Para escrever sua matéria, ele contou com nada mais do que uma incrível capacidade de memória e osbservação. Conquistou a confiança e a amizade dos criminosos- há quem diga que Capote, homossexual assumido, se apaixonou por um deles. Perry Smith e Richard Hickock são retratados no livro como dois adultos com uma história difícil que cometeram um grande erro, apesar de eles próprios não assumirem a magnitude de seu crime. Embora não peça pelo perdão dos leitores, Capote explora o lado mais humano dos assassinos, e inclusive deixa uma dúvida implícita sobre a sexualidade dos dois. Além de descrever com detalhes as paisagens, a cidade de Holcomb e até mesmo a personalidade de seus habitantes, o escritor dá a impressão de ter conhecido a falecida família. Ele narra o dia anterior à sua morte, e caracteriza com precisão cada uma das vítimas, pessoas honestas e corretas, cuja boa índole traz ao leitor um sentimento de injustiça perante as atrocidades do assassinato. Contudo, o livro se foca principalmente na trajetória dos assassinos, nos motivos que os teriam levado a cometer o crime e nas investigações do detetive Alvin Dewey. A busca pelos culpados é intercalada com as tortuosas histórias de vida dos dois (principalmente de Perry), que expõem a infância, a entrada no universo delinqüente, a primeira estadia na cadeia, e culminam na captura, confissão, julgamento, permanência de cinco anos no Corredor da Morte e execução dos criminosos.
O risco de apresentar o lado bom e sensível de duas pessoas consideradas terríveis para a maioria da população norte-americana da época não pareceu inibir Capote, que deixa para o leitor a dúvida: a pena de morte é ou não algo positivo? Ao contar as biografias de Dick e Perry, ao narrá-los com emoção e ternura, o escritor transforma os vilões em protagonistas de uma triste história. A ambigüidade dos criminosos talvez seja o que torna o livro intrigante: por um lado, o autor conta o sofrimento dos assassinos, como uma maneira de redimi-los pelo assombroso crime que cometeram. Por outro, não deixa de condená-los não por apenas terem tirado a vida de uma família de inocentes, mas principalmente por o terem feito a sangue frio.
Débora Fogliatto

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